quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

- SENSAÇÕES

A noite estava fria , o vento sem piedade ricocheteava meus cabelos no meu rosto enquanto eu corria rápido . Eu estava procurando algo , mas não me lembrava o que , e minhas pernas pareciam se moverem sozinhas . O lugar não era algo que eu já tenha visto , um pouco sombrio . Já devia se passar das onze horas da noite e minha corrida sem sentido continuava . Um vulto rápido passou entre as duas grandes árvores poucos metros a minha frente . Instintivamente segui aquilo , e quando meus pulmões já pareciam escassos de ar , parei . Uma dor estranha , comprimindo meu coração contra minhas costelas , fez meus olhos encherem de lágrimas . E lá estava o vulto , e não era apenas o vulto , eram dois deles , Jay e Lizzy . Meu cérebro estava processando de forma mais lenta , e ainda não conseguia entender o que eles e eu fazíamos ali . Eles estavam tristes , pareciam lamentar de algo . Quando consegui enxergar realmente as coisas a minha volta , percebi que os dois estavam a poucos passos de um penhasco , isso explicava a expressão no rosto deles . De repente Lizzy caminha mais um passo . Eu tinha que Pará-la , a única forma eficiente e rápida disso agora era a minha voz .

- Lizzy , não , o que você está fazendo ? !

Ela não parecia me escutar e isso fez meu coração acelerar de forma rápida demais . Meu cérebro gritava para mim correr e tira-la dali , mas meus pés afundaram no chão como se fizessem parte dele . NÃO ! Ela andou mais passos e chegou na beira do penhasco , olhou para mim como se tivesse tentando se livrar de alguma dor , e então pulou . Minhas pernas agora estavam trêmulas demais , e me jogaram para frente – cai de joelhos e antes que meu rosto atingisse o chão , minhas mão abruptamente cravaram na terra , Então Jay ergueu a cabeça e me olhou . Suas sobrancelhas projetavam sombras em seus grandes olhos negros . Ele me encarava da mesma forma que Lizzy . Em movimentos súbitos e irracionais corri em direção a ele . Não podia simplesmente olhar um suicídio e não tentar ao menos impedi-lo , aliás aqueles eram meus amigos , meus únicos e melhores amigos e eu os amava . Lizzy oh Lizzy , ela que havia feito tanto por mim , que a uma semana atrás havia me contado todos seus planos para as férias de verão , e eu vi seus sonhos serem jogados com ela junto ao precipício . Corri freneticamente mas não parecia suficiente . Estava a meio passo de alcançá-lo , então me lancei para frente mas , como se houvessem asas , ele salto direto ao fundo do penhasco .
Minha garganta agora ardia , meu oxigênio não passava para o cérebro e tudo estava turvo a minha frente . Uma fração de segundos depois percebi que estava jogada contra o chão , meu rosto empurrado contra pedras e poeira . Ergui meu rosto , incrédula , como se já não houvessem forças suficientes para me por de pé , e olhei a baixo do penhasco . Não havia nada mais que eu pudesse fazer . E estava tudo acabado assim ? As lágrimas que escorriam incessantemente por meu rosto pareciam fogo queimando minha pele . Doía como vários pedaços de vidro quebrado sendo enterrados contra meu peito . Quando parecia que a dor fosse uma condenação eterna , alguém toca meu ombro .
- Amy ?

Me forcei um pouco a abrir os olhos e uma luz forte infiltrava-se em meus olhos , e era um pouco desconfortante até eu me acostumar com ela . Me sentia bastante desorientada , olhei para cima e vi um rosto familiar . Aquele rosto fez toda dor sumir e no lugar um conforto me invadiu por completo . Ainda parecia tudo meio confuso .

- Vovó Judith ?
- Oh sim minha querida , desculpa te acordar , é que escutei alguns barulhos e vim ver o que era – você estava se debatendo toda .
- Ah . – essa foi a única coisa que consegui dizer .
- Eu vou La na cozinha terminar o café .

Acenei com a cabeça , e então ela saiu porta á fora . Apenas um pesadelo . Havia sido tão real , cada passo , cada reação e dor . Não sabia se sentia realmente um alívio quando fui acordada do meu tormento , ainda doía um pouco . Balancei a cabeça como se fosse livrar as sensações de mim , e pareceu pouco útil .
Me levantei ligeiramente e encarei a manha através da janela .O céu estava laranja-pôr-do-sol e tudo parecia estar em seu devido e perfeito lugar . Algo me incomodava , talvez a quietude mas acho que ainda era cedo demais para haver algum barulho .
Sentei na beirada da cama e olhei para o pequeno criado mudo , em cima dele tinha um porta retrato com a foto dos meus pais comigo . Eles haviam morrido a menos de dois anos e era difícil encarar a foto todos os dias , era como um tapa na cara que me fazia viver a realidade , em vez de fantasiar coisas distantes .

Nunca há nada muito útil a se fazer em um domingo , não para mim . Normalmente ligo para Lizzy e combinamos alguma coisa . Seu jeito exagerado de ser é motivador e ela preenche minhas tardes monótonas de domingo .

Dei uma ultima olhada no porta retrato e desci as escadas um pouco confusa ainda . Parei no penúltimo degrau e fitei o lugar , a pequena sala retangular , com dois sofás pequenos de dois lugares projetados de forma que formassem um ângulo de noventa graus – tudo tão reconfortante , minha casa , desde que meus pais foram arrancados de perto de mim , aquele era o meu lugar .
O café da manha foi como costumavam ser aos domingos , mastiguei tudo com muita calma , para passar o quanto pudesse de tempo , me preocupando em o que fazer para consumir a outra parte dele . Coloquei a tigela com um pouco de cereal no fundo , sobre a pia e a lavei como se precisa-se ser minuciosamente limpa . Antes mesmo que eu terminasse de secar a tigela , o telefone tocou . Não me preocupei em atender , vovó Judith já estava de pé , pegando o telefone no segundo toque .
Minha distração me fez entender apenas murmúrios da conversa ao telefone até escutar meu nome ser falado mais alto . Me desviei dos devaneios confusos , e prestei atenção a voz que me chamava .
- Amy , é Lizzy .
- Mande-a os parabéns por mim , querida – gritou vovô da mesa .
Oh droga ! Como eu poderia ter me esquecido ? Hoje era aniversário de Lizzy e só agora fui me lembrar . Não teria muito tempo de preparar algo pra ela então antes de pensar no que fazer fui até a sala . Ouvir o nome de Lizzy sendo pronunciado sem ser por mim mesma em meus pensamentos altos era estranho , depois do pesadelo da noite passada . Eu precisava ouvir a voz dela e falar com ela . Coloquei a tigela junto com a toalha sobre a bancada e fui atender o telefone . Peguei o telefone fitando-o como quem se pergunta se realmente é verdade . Vovó percebeu de imediato minha expressão e saiu meia confusa , parando em meio ao caminho para me checar .
- Alô , Lizzy ?! – soou como uma pergunta a mim mesma , que seria respondida com o simples ouvir da sua voz .
- Claro , quem achou que fosse ? Ah , isso pouco importa , o que vamos fazer hoje ? – ouvir a voz dela me inundou com um conforto imensurável .
- Topo qualquer coisa , estou simplesmente aceitando qualquer tipo de sugestão , aliás , hoje é o seu dia . Parabéns ! Dezessete aninhos , que maravilha !
- Nossa , meu dia , é bom ouvir isso , e melhor ainda pensar que você está se sujeitando a qualquer tipo de idéias minhas .
- Então aproveite ! – dei um largo sorriso , como se ela fosse capaz de vê-lo – Hoje faremos o que você quiser .
- Hm , isso é realmente bom , tenho planos em mente mas não insista que não conto , vai ser surpresa . Então passo ai lá pelas quatro , até mais .
- É seu aniversário e quem vai ter uma surpresa será eu , que engraçado . Então até as quatro.
- tchau . .

Surpresas vindo de Lizzy me causavam uma pontada leve de medo , mas era surpreendente , até mesmo para mim , meu entusiasmo .
O tempo se arrastou de forma lenta demais , e as quatro horas pareciam inexistentes . Fiquei a maior parte do tempo assistindo uma partida boba de futebol com vovô e quando eram três e meia deitei no sofá . Meus pensamentos desconexos me afundaram num sono leve e depois a confusão começou .

Era apenas um rosto , mas o rosto não era legível . Estava tudo escuro e apenas um corpo se sobressaia . A lua projetava um pouco de luz , mas não era o suficiente para me permitir enxergar quem era . Esse era o tipo de sonho em que você está presente nele , e não se assistindo como marionete de sua inconsciência .
As sombras daquele ser indefinível se aproximaram e em meio ao passo que o jogaria nas luzes e me permitiria ver seu rosto , seus pés hesitaram . Tentei me mover e desvenda-lo mas algo me parou . Aquilo o fez se afastar ainda mais ate que ele estivesse quase totalmente fora de vista. Fechei meus olhos e me forcei para me libertar do que me prendia mas não parecia adiantar e quando tornei abrir meus olhos lá estava Lizzy com a expressão ligeiramente preocupada .
- Nossa , achei que estava inconsciente . Te sacudi tanto que pensei que seu cérebro tinha se deslocado do lugar .
- Ah , eu estava sonhando . – respondi indiferente .
- Devia ser muito bom pra você não conseguir acordar.
- Pra falar a verdade era muito confuso , não sei ao certo se foi sonho ou pesadelo , não entendi o que tudo aquilo quis dizer .
- Tudo bem , isso não importa , quero aproveitar que você me deu a liberdade por hoje e começar meus planos o quanto antes , então , levante-se .
Dei um salto para frente . Lizzy já começava a andar quando a puxei pelo ombro.
- Espera . – Ela se virou , eu sorri de leve encarando seus olhos claros e falei – Feliz aniversário garota ! – Lizzy me deu um abraço forte , mas se desprendeu rápido dele .
- Arg , sem essa de sentimentalismo , qual é , mas obrigada Amy . – Seu sorriso de resposta foi evidentemente satisfatório .

Olá criaturas pensantes !

Assim , eu sempre tive vontade de escrever um livro e a ultima vez que tentei estava indo tudo certo , quando não sei como o bendito rascunho do primeiro capítulo do meu livro sumiu de forma estranha e assutadora , e a copia dele que estava no meu mp3 não serviu de nada , porque eu PERDI meu mp3 , então , em uma bela noite resolvi escrever outro e aqui estou eu , oh oh . Dessa vez vo colocar meus rascunhos nesse blog e em um pen drive e tambem , só pra garantir no meu e-mail , porque é muito deprimente ver que suas horas de inspiração não serviram de NADA , enfim , START !